Posted by : Alysson Firmino quinta-feira, 27 de dezembro de 2012


1) VUNESP(2004) -   A próxima questão toma por base uma cantiga do trovador galego Airas Nunes, de Santiago (século XIII), e o poema Confessor Medieval, de Cecília Meireles (1901-1964).
Cantiga
Bailemos nós já todas três, ai amigas,
So aquestas avelaneiras frolidas,                 (frolidas = floridas)
E quem for velida, como nós, velidas,                 (velida = formosa)
Se amigo amar,
So aquestas avelaneiras frolidas                  (aquestas = estas)
Verrá bailar.                             (verrá = virá)

Bailemos nós já todas três, ai irmanas,                 (irmanas = irmãs)
So aqueste ramo destas avelanas,                  (aqueste = este)
E quem for louçana, como nós, louçanas,             (louçana = formosa)
Se amigo amar,
So aqueste ramo destas avelanas                  (avelanas = avelaneiras)
Verrá bailar.

Por Deus, ai amigas, mentr’al non fazemos,              (mentr’al = enquanto outras coisas)

So aqueste ramo frolido bailemos,
E quem bem parecer, como nós parecemos             (bem parecer = tiver belo aspecto)

Se amigo amar,
So aqueste ramo so lo que bailemos
Verrá bailar.
(Airas Nunes, de Santiago. In: SPINA, Segismundo. Presença da Literatura Portuguesa - I. Era Medieval. 2ª ed. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1966.)

Confessor Medieval
(1960)
Irias à bailia com teu amigo,
Se ele não te dera saia de sirgo?                     (sirgo = seda)

Se te dera apenas um anel de vidro
Irias com ele por sombra e perigo?

Irias à bailia sem teu amigo,
Se ele não pudesse ir bailar contigo?

Irias com ele se te houvessem dito
Que o amigo que amavas é teu inimigo?

Sem a flor no peito, sem saia de sirgo,
Irias sem ele, e sem anel de vidro?

Irias à bailia, já sem teu amigo,
E sem nenhum suspiro?
(Cecília Meireles. Poesias completas de Cecília Meireles - v. 8. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974.)

As cantigas que focalizam temas amorosos apresentam-se em dois gêneros na poesia trovadoresca: as “cantigas de amor”, em que o eu-poemático representa a figura do namorado (o “amigo”), e as “cantigas de amigo”, em que o eu-poemático representa a figura da mulher amada (a “amiga”) falando de seu amor ao “amigo”, por vezes dirigindo-se a ele ou dialogando com ele,
com outras “amigas” ou, mesmo, com um confidente (a mãe, a irmã, etc.). De posse desta informação,
a) classifique a cantiga de Airas Nunes em um dos dois gêneros, apresentando a justificativa dessa resposta.
b) identifique, levando em consideração o próprio título, a figura que o eu-poemático do poema de Cecília Meireles representa.









































2) MACK - 2005

Assinale a afirmativa correta com relação ao Trovadorismo.

Texto I
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo!
Martim Codax

Obs.: verrá = virá
levado = agitado

Texto II
1.          Me sinto com a cara no chão, mas a verdade precisa ser dita ao
2.    menos uma vez: aos 52 anos eu ignorava a admirável forma lírica da
3.    canção paralelística (...).
4.    O “Cantar de amor” foi fruto de meses de leitura dos cancioneiros.
5.    Li tanto e tão seguidamente aquelas deliciosas cantigas, que fiquei
6.    com a cabeça cheia de “velidas” e “mha senhor” e “nula ren”;
7.    sonhava com as ondas do mar de Vigo e com romarias a San Servando.
8.    O único jeito de me livrar da obsessão era fazer uma cantiga.
            Manuel Bandeira

a) Um dos temas mais explorados por esse estilo de época é a exaltação do amor sensual entre nobres e mulheres camponesas.
b) Desenvolveu-se especialmente no século XV e refletiu a transição da cultura teocêntrica para a cultura antropocêntrica.
c) Devido ao grande prestígio que teve durante toda a Idade Média, foi recuperado pelos poetas da
Renascença, época em que alcançou níveis estéticos insuperáveis.
d) Valorizou recursos formais que tiveram não apenas a função de produzir efeito musical, como também a função de facilitar a memorização, já que as composições eram transmitidas oralmente.
e) Tanto no plano temático como no plano expressivo, esse estilo de época absorveu a influência dos padrões estéticos greco-romanos.

3) MARK 2004 - Assinale a afirmativa correta sobre o texto I.

Texto I
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo!
E ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
E ai Deus, se verrá cedo!
Martim Codax

Obs.: verrá = virá
levado = agitado

a) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta a Deus seu sofrimento amoroso.
b) Nessa cantiga de amor, o eu lírico feminino dirige-se a Deus para lamentar a morte do ser amado.
c) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta às ondas do mar sua angústia pela perda do amigo em trágico naufrágio.
d) Nessa cantiga de amor, o eu lírico masculino dirige-se às ondas do mar para expressar sua solidão.
e) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico feminino dirige-se às ondas do mar para expressar sua ansiedade com relação à volta do amado.


4) FMTM(2002)

Endechas à escrava Bárbara

Aquela cativa,
que me tem cativo
porque nela vivo,
já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa
em suaves molhos,
que para meus olhos
fosse mais formosa.

Uma graça viva,
que neles lhe mora,
para ser senhora
de quem é cativa.
Pretos os cabelos,
onde o povo vão
perde opinião
que os louros são belos.

Pretidão de Amor,
tão doce a figura,
que a neve lhe jura
que trocara a cor.
Leda mansidão
que o siso acompanha;
bem parece estranha,
mas bárbara não.

Vocabulário:
Endechas: Versos em redondilha menor (cinco sílabas).
Molhos: feixes.
Leda: risonha.
Vão: fútil.

Em sua obra, Camões continua a tradição da conduta amorosa das cantigas medievais. Nela, a mulher amada era considerada
a) responsável pelas contradições e insatisfações do homem.
b) símbolo do amor erótico.
c) incapaz de levar o homem a atingir o Bem.
d) um ser impuro e prejudicial ao homem.
e) uma pessoa superior, fonte de virtudes.

5) Senhor feudal
Se Pedro Segundo
Vier aqui
Com história
Eu boto ele na cadeia.
   Oswald de Andrade

O título do poema de Oswald remete o leitor à Idade Média. Nele, assim como nas cantigas de amor, a idéia de poder retoma o conceito de
a) fé religiosa.
b) relação de vassalagem.
c) idealização do amor.
d) saudade de um ente distante.
e) igualdade entre as pessoas.

6) Texto I:
Ao longo do sereno
Tejo, suave e brando,
Num vale de altas árvores sombrio,
Estava o triste Almeno
Suspiros espalhando
Ao vento, e doces lágrimas ao rio.
(Luís de Camões, Ao longo do sereno.)

Texto II:
Bailemos nós ia todas tres, ay irmanas,
so aqueste ramo destas auelanas
e quen for louçana, como nós, louçanas,
se amigo amar,
so aqueste ramo destas auelanas
uerrá baylar.
(Aires Nunes. In Nunes, J. J., Crestomatia arcaica.)

Texto III:
Tão cedo passa tudo quanto passa!
morre tão jovem ante os deuses quanto
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada.
(Fernando Pessoa, Obra poética.)

Texto IV:
Os privilégios que os Reis
Não podem dar, pode Amor,
Que faz qualquer amador
Livre das humanas leis.
mortes e guerras cruéis,
Ferro, frio, fogo e neve,
Tudo sofre quem o serve.
(Luís de Camões, Obra completa.)

Texto V:
As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!...)
(Mário de Sá Carneiro, Poesias.)

A alternativa que indica texto que faz parte da poesia medieval da fase trovadoresca é
a) I.
b) II.
c) III.
d) IV.
e) V.

GOOD LUCK!!


GABARITO:


­­­1 a) Cantiga de amigo, pois há a presença do eu lírico feminino e os interlocutores são amigas desse interlocutor.
b) O eu-poemático, como o título diz (Confessor Medieval), trata-se da figura de um religioso ou confidente que aconselha a moça.
2 Alternativa: D

3 Alternativa: E

4Alternativa: A

5 Alternativa: B

6 Alternativa: B





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